O outro lado do quarto

uma análise psicanalítica do filme Room

Resumo

A criança na contemporaneidade é atravessada por diversos saberes que tentam moldá-la na cultura e na sociedade. Ocupando um local de objeto a liberado na cultura, a infância tornou-se alvo e refém da indústria capitalista que movimenta uma grande quantidade de discursos e práticas que visam o adestramento da subjetividade da mesma. Diante disso, o uso da arte cinematográfica pode-se servir de ferramenta potente, permitindo observar, no drama, traços a respeito de uma infância que muito se é falada, mas que pouco se é ouvida, escutada. Trataremos no presente artigo, como e de que forma o Quarto de Jack nos ensina sobre a criança e seus medos na atualidade, fazendo nos questionar de quem é realmente este medo: dos pais, ou das crianças? Outrossim, veremos as diversas saídas de Jack para lidar com o Real, fazendo laço social com as outras pessoas, a partir dos significantes e semblantes advindos de sua mãe. Além disso, a relação da criança na cultura ocidental, seja com o Outro, o corpo e os objetos, refletindo sobre como cada criança se defende e interpreta este Outro, seja pela manifestação de um sintoma ou através da tessitura de uma fantasia. Portanto, perceberemos como a criança é efeito de um discurso do Outro, sendo escopo de um saber não sabido sobre o seu próprio mal-estar, tornando-se, assim, uma questão de extrema relevância na clínica psicanalítica contemporânea.